Damos o nome de Síndrome pós covid-19 ao conjunto de sintomas que persistem de forma mais importante após a fase aguda da doença. Alguns estudos observacionais mais recentes estimam que aproximadamente 10% dos pacientes com quadros leves a moderados de COVID-19 apresentam sintomas prolongados, que duram 3 semanas ou mais, o que se torna ainda mais frequente dentre os que precisaram de internação em UTI.
Os sintomas mais comuns na COVID-19 pós-aguda são fadiga, falta de ar, dor articular, desconforto torácico e tosse seca, dor muscular, perda prolongada de olfato e paladar. Como danos mais graves podem persistir a fibrose pulmonar, dano miocárdico (coração) e déficit cognitivo. As manifestações podem ser “flutuantes”, com dias de melhora intercalados com períodos de piora.
Importante lembrar: Até o momento não há evidências que indiquem que os pacientes com sintomas residuais prolongados apresentam infecção viral ativa!
Por se tratar ainda de algo recente, não temos muitos estudos sobre o tratamento/ investigação específicos de síndrome pós Covid – que tem sido alvo de muitas pesquisas e cujo tema certamente terá uma ampla literatura em breve.
No momento, seguimos alguns passos quando avaliamos um paciente com quadro de sintomas persistentes após a Covid-19.
Em primeiro lugar, é essencial ajustar o tratamento de outras comorbidades – como diabetes, hipertensão, depressão – que podem descompensar durante o período de infecção. Além disso, ter atenção a cuidados de saúde geral com alimentação adequada, evitar tabagismo e uso de álcool e medidas de melhora qualidade do sono também é muito importante!
De acordo com o sintoma principal, o paciente poderá ser acompanhado pelo médico especialista. Um exemplo é a fibrose pulmonar/ falta de ar pós covid-19, em que a avaliação do Pneumologista se torna essencial.
Na Reumatologia, abordamos muitos dos sintomas persistentes pós Covid: dores articulares, mialgia e fadiga podem ser avaliados e investigados pelo médico reumatologista. Vale lembrar que assim acontece em outras infecções, é possível que a infecção pelo Coronavírus possa funcionar como um gatilho para o aparecimento das doenças reumatológicas, e isso pode ser investigado e tratado durante o acompanhamento clínico reumatológico.